Paulo "Cagido"

   Agora que os ânimos estão mais calmos, vou pronunciar-me sobre a greve dos camionistas. Com o rescaldo dos acontecimentos, percebemos que existe uma classe trabalhadora que consegue parar o país. Chegaram três dias apenas para ficarmos logo na reserva. Se foi justa ou não a sua luta, penso que sim. Se as outras classes protestam pelos seus direitos, por que é que eles também não o podem fazer. Por exemplo, os seus colegas espanhóis usufruem de melhores regalias e ainda continuam com as manifestações. Fiquei estupefacto com os fóruns da internet que assisti, em apelidarem de arruaceiros os camionistas. Esta gente fala assim, porque não sabem o que é andar com um volante de pesados nas mãos, dias e dias, fora de casa e da família. Têm sempre o leitinho e manteiga todos os dias de manhâ, ao pequeno almoço em cima da mesa, mas esquecem-se que alguém desde as duas da madrugada já anda na estrada a transportar este tipo de produtos. Agora são apelidados de beneficiários em relação às outras classes trabalhadoras, no que respeita às portagens com os descontos nocturnos que vão ter. Acho muito bem, até devia ser gratuita durante a noite, retirando deste modo muito pesado das estradas nacionais, que se encontram algumas delas em péssimas condições e, assim, chegariam mais cedo as mercadorias aos seus destinos.

   Ultimamente anda muita gente a protestar (pescadores, agricultores, professores, enfermeiros, médicos, autoridades, etc.), isto é sinal de alguma coisa. É sinal de que assim não pode ser. Aumenta tudo e os salários não acompanham a inflação. Mas será que a carga fiscal tão pesada que pagamos não gere lucros? Se sim, para onde é que eles vão? Este governo que comece a olhar pela classe trabalhadora, aqueles que pagam sempre a factura, com outros olhos e mais respeito. Como diz a velhinha da Póvoa de Varzim, "anda aí muito povo na rua". Por algum motivo será!