Professores portugueses não conseguem desligar-se do trabalho fora da escola
Os professores portugueses não conseguem "recarregar baterias" após um dia de escola, mantendo-se sempre ligados ao trabalho, o que provoca "um desgaste enorme", conclui um estudo revelado esta quinta-feira.
Desenvolvido em 2010 no âmbito da tese de doutoramento da docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) Maria Alexandre Costa, este estudo visou estudar uma população que vivesse elevados níveis de stress e de que forma as actividades desenvolvidas nos tempos livres têm impacto no seu trabalho.
Em declarações à Lusa, a docente explicou ter escolhido um grupo de 100 professores do ensino pré-universitário para tentar perceber qual a influência do tempo livre na produtividade destes profissionais.
"A maioria dos professores revela uma grande dificuldade em distanciar-se do trabalho", disse, acrescentando que estes profissionais "levam muitas vezes trabalho para casa", como correcção de testes e preparação de aulas, "mas também muitas preocupações", como mau comportamento dos alunos.
Na sua opinião, os professores são incapazes de recarregar totalmente as baterias e, por estarem sujeitos a níveis elevados de stress, "o desgaste é tal que pode já não ser possível algum dia recuperá-las", podendo-se comparar a "uma bateria viciada".
Maria Alexandre Costa acrescenta que os professores "têm maior dificuldade em se envolver em actividades de recuperação" (relaxamento), porque muitas vezes "são confrontados em casa com situações similares às vividas durante o dia de trabalho", como, por exemplo, explicações/orientações aos filhos.
Na sua opinião, o segredo "é encontrar formas de relaxamento que são próprias para cada pessoa", porque "quanto maior é o desgaste de um dia de trabalho, mais difícil é relaxar, embora haja uma maior necessidade de o fazer".
O estudo conclui também que a segunda-feira é o dia mais difícil para os professores, porque é quando "os profissionais se sentem menos relaxados".
Para a docente, esta é uma conclusão "curiosa", uma vez que, apesar de ser o dia seguinte ao maior período da semana destinado aos tempos livres, apresenta-se como aquele em que "os professores mais rapidamente perdem esse relaxamento".
O estudo permitiu também concluir que "à sexta-feira há recuperação de relaxamento" (distanciamento psicológico da actividade profissional), referiu a docente, que interpreta este dado como "o efeito de contaminação do fim-de-semana".
Para realizar este estudo, Maria Alexandre Costa acompanhou os professores durante duas semanas, colocando-lhes questões antes do início do trabalho, "logo pelas 8 horas", e ao final da jornada "para avaliar como correu o dia de trabalho".
In Jornal de Notícias
Agora escrevo eu:
Este estudo não é nenhuma novidade para mim, pois, sofro na pele as suas conclusões. Só para dar um exemplo, quando chega o fim-de-semana, os meus amigos vão gozar os 2 dias de "férias", não trazem trabalho do seu trabalho, passo o pleonasmo. Eu tenho de preparar as aulas para a semana seguinte. Depois dizem-me que estou um pouco gordo. Se pudesse também ia para o ginásio ou outro sítio para relaxar e, das poucas vezes que o faço, dizem-me logo, "eu também queria ser professor". Eu não comento as actividades profissionais das outras pessoas, e quando tal acontece é sempre de forma positiva. Por isso, deixem de criticar os professores!
Um estudo feito recentemente revelou que 2 em cada 3 portugueses, não acredita na justiça portuguesa e que existe desigualdade de tratamento entre ricos e pobres e, entre a classe política e o cidadão comum, levando a que este não recorra aos tribunais para defesa dos seus interesses. Com tantos casos mediáticos, a que temos assistido no nosso país, ultimamente, com dois pesos e duas medidas diferentes, nos acórdãos finais, em relação a outros mais banais e comuns, não era de se esperar outra coisa. O povo português sabe muito bem separar o trigo do joio, não precisa de ser muito instruído para avaliar os fenómenos sociais.
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