Paulo "Cagido"

   Hoje de manhã, ao chegar à escola vivi um dos momentos mais complicados nos últimos tempos como professor. Estacionei o meu automóvel e ao sair para fora um encarregado de educação para perto de mim também com a sua viatura. Cumprimentos habituais e, eis que deparo, o mesmo vertia algumas lágrimas dos seus olhos, porque mais uma vez está de partida para outro continente, pois tem de trabalhar para sustentar mulher e filho. Não sabia o que dizer, a emoção apoderou-se igualmente dentro de mim. As lágrimas chegaram-me ao canto dos meus olhos, também sou pai e não somos de ferro.

   Ao longo dos 4 anos que o seu filho está comigo, várias foram as vezes que este facto ocorreu, mas a última vez é sempre a mais difícil. Umas palavras de força e coragem da minha parte. O pai confidenciou-me que o filho ficara a chorar. Quanto a isso não se preocupe está cá o professor para ajudar a criança a aprender e a crescer feliz é o seu dever. Ele sabe que pode contar comigo, a prova disso evidencia-se quando está disponível dizendo sempre presente, quando é necessário. O importante é que a estadia corra bem lá longe, em África com saúde e sorte. Um aperto de mão, apesar de breve foi bem forte.

   O Professor avança para a escola, o pai segue em direção ao aeroporto. A vida continua...

   Hoje é o Dia Mundial da Voz e como professor é uma das minhas principais ferramentas de trabalho, razão pela qual tenho de manter os cuidados necessários. Contudo, por vezes chego ao fim do dia com as cordas vocais cansadas de tanto dialogar e comunicar com os meus alunos desde as 9 hrs. até às 17.30 hrs.

   Mais que uma profissão, ser professor é ser transmissor de conhecimentos e formador de homens e mulheres capazes de enfrentar o futuro.

   Realizou-se ontem no restaurante "O Carlos", na Mamarrosa (Oliveira do Bairro), um almoço de homenagem ao nosso colega e grande amigo Manuel Cura, docente do 1.º Ciclo do Agrupamento de Escolas de Oiã, recentemente, aposentado, depois de três décadas dedicadas ao ensino, com mais alguns anos de profissionalização antes de ser professor.

   Ser professor não é para qualquer um, contudo, o nosso Manel, como é carinhosamente tratado pelos seus colegas, encarou esta profissão sempre com optimismo, dedicação e empenho, em prol das crianças, ajudando em simultâneo os que ingressavam nesta carreira naquilo que necessitavam, fosse através de um conselho ou na troca de experiências e de material didáctico, etc.

   Felicidades Manel e continua a visitar-nos nas nossas escolas.